terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Acerto de contas

Realmente rola esse dilema quando se pensa em viajar, ainda mais para o exterior...A primeira coisa que pensamos e na quantidade enorme de dinheiro que temos que ter.
Claro que nossa viagem aqui é bem diferente das demais, mas existem um amplo leque de viagens mais alternativas aonde é possível sim gastar muito, muito pouco e ter experiências incríveis!
No nosso caso estamos gastando menos de um terço do que costumávamos gastar em São Paulo, fazendo as conversões para a moeda local, as vezes até 6x1 e isso porque estamos nos permitindo alguns luxos, como alugar carros, visitar novos lugares, experimentar comida local, dar presentes ao Joaquim.
E qual a diferença!? A diferença é que estamos levando uma vida muito mais saudável, 70% da nossa dieta é orgânica, muitas vezes recém colhida, estamos praticando atividades físicas diariamente, respiramos ar puro, bebemos água de nascente, não pegamos trânsito, estamos o tempo todo com Joaquim acompanhando cada momento de seu crescimento, conhecendo lugares incríveis, vistas paradisíacas, cada dia aprendemos algo novo e realmente útil para a vida, para a saúde, conhecemos e apoiamos pessoas inspiradoras, estamos a serviço da comunidade e do planeta, e não mais apenas ao nosso ego empreendedor, temos tempo para apreciarmos o por do sol, vermos as estrelas, andamos milhas e milhas, em trilhas, em praias, montanhas, cachoeiras, cavernas, lagos, florestas, campos e plantações e  podemos circular livremente pelos vilarejos, não é preciso se preocupar com a violência, honestidade aqui impera, e até chega a nos assustar! (Tamanha a confiança na ética das pessoas, a quantidade de lojas e vendinhas que são "auto geridas" ou seja os produtos estão ali com a tabela de preço e tem latinhas para colocar o dinheiro... e ninguém olhando! e nada filmando)
Já estamos viajando há 5 meses, passamos por Portugal, Inglaterra, pais de Gales e Escócia. Muitos nos perguntam sobre os nossos gastos, como estamos nos mantendo, e tals. Como estamos basicamente fazendo wwofing ( programa de voluntariado e incentivo aos produtores orgânicos) Não temos custo algum na maior parte do tempo, pois temos acomodação e alimentação garantidas pelas nossas horas de trabalho na fazenda. Sendo assim temos apenas os custos de transporte de uma fazenda a outra.  estamos com uma média de gasto de 12 euros por dia ( Para nós 3) ( isso porque estamos há 4 meses no reino Unido gastando em Pounds, moeda mais cara do mundo, e aonde a locomoção é caríssima!) Não é incrível? É muuito menos do que apenas estar em São Paulo, com os custos altíssimos de aluguel, contas, funcionários e serviços. Fora que uma vez que se está nas fazendas aparecem inclusive oportunidades de ganhar dinheiro. Conhecemos muito wwoofers que fazem acordos com os proprietários e trabalham alguns dias recebendo, tem gente fazendo wwoofing há 9 meses na mesma fazenda ( trabalha 2 como wwoofer, 1 pago e tem 4 dias livres acomodação e alimentação.)
Tem gente que já fez tanto wwoof que é considerado Profissional, tem tanta experiência que são contratados para determinadas funções nas fazendas dos hosts.
Inclusive nós já tivemos essa incrível oportunidade! Em uma das fazendas durante outubro tivemos em uma grande exposição de arte que precisavam de uma pessoa para cozinhar para o evento!  Não estava nos planos, mas adoramos a oportunidade e voltamos a Inglaterra para esse lindo Job!
Tudo começou com o fim de um sonho que se tornara mais um pesadelo... a falência finaceira do restaurante juntando com a enorme vontade do Pedro de fazer essa viagem, de vivenciar a europa e a vida rural, e o conhecimento desse programa WWOOF que permite que nós e muitas outras pessoas realizem o sonho de viver valores e deixar um pouco os preços de lado.
Foi uma grande divisor de águas. Mas é bonito ver que grandes crises servem para nos auxiliar a tomar o rumo correto... Hoje sou muito grata a toda experiência do restaurante que passei, foram 3 anos de muito aprendizado, que me deram base e coragem para qualquer futuro projeto. Foi uma grande imersão no sistemão, viver o capitalismo na pele, e ver que não é isso que me nutre, não é isso que acredito. Isso deu toda força para irmos completamente para o outro lado. Inspirados por uma entrevista no Hypeness ( de um amigo meu que esta há 18 meses viajando pelo mundo sem dinheiro - http://www.hypeness.com.br/2015/01/entrevista-hypeness-o-casal-brasileiro-que-esta-vivendo-e-viajando-o-mundo-sem-dinheiro/) ele e a namorada se jogaram no universo, e estão tendo experiências incríveis.... ( há se eu tivesse meus 20 anos... sairia com essa mesma intenção Mas aos 33 com um filho de 3 achamos mais "seguro" levantar uma certa quantia. mas manter o propósito de gastar o mínimo possível.
O plano era pegar o dinheiro de um último projeto que o Pedro estava trabalhando, vender e desapegar as coisas e com esse dinheiro vir. Porém a crise econômica não era somente do restaurante, e embora o projeto tivesse sido concluído com êxito, nem sinal do pagamento. No entanto tínhamos decidido nos casar e fazer uma grande celebração que seria também uma oportunidade de nos despedirmos dos nossos queridos amigos, ai veio a idéia... Não havia motivos para queremos presentes convencionais ( afinal estávamos nos desfazendo da casa) Lembrei da economia da nova era, de crowdfunding e achei a idéia incrível, e assim fizemos pedimos contribuições para nossa viagem para nossos queridos e generosos convidados,que somado com a venda das coisas que desapegamos chegamos a um valor maior do que o projeto. ( A melhor parte é que não gastamos ainda nem metade desse dinheiro, e o dinheiro do projeto ainda não foi pago, mas está por vir, e Pedro continua trabalhando já teve mais 2 projetos enquanto estivemos aqui e um enorme está por vir.  E assim estamos viajando e vivendo com todo esse amor e contribuição de cada um de vocês que acreditam e apoiam nosso  sonho.

Está sendo uma viagem realmente diferente, celebro a cada dia que não temos que comprar nada e que não geramos lixo ou resíduo para o planeta, a grande atração são as habilidades e a rede de amor que se constrói e se amplia a cada dia Os valores , princípios e atitudes que não tem preço ( como o primeiro sorriso do dia do filho que acaba de acordar) e sim carregamos algum dinheiro para as coisas que ainda não podem ser trocadas. . 

sábado, 31 de outubro de 2015


Se jogar no google é pequenina, uma ilha dentro de uma ilha maior... sim estamos Falando de Eigg uma ilhota no norte da Escócia, Pequena no mapa, mais grande o suficiente para abrigar uma comunidade de 100 pessoas e cerca de 40 ou 50 turistas na temporada... Segundo a reportagem achamos que íamos encontrar uma comunidade vivendo lado a lado ( esquema tribal) bem hippie e que era totalmente ecológica e desconectada do mundo... Não sabíamos nem se teríamos sinal de telefone e muito menos internet... Chegando aqui uma boa surpresa... existem muitas atividades conjuntas e comunitárias, existe o centro comunitário. (chegamos no ultimo dia da exposição de artes do pessoal da Ilha, Muito lindo Os residentes expondo seus trabalhos de cremes naturais, Cestarias de willow, pinturas, livros, e quitutes deliciosos feitos pelas mulheres prendadas e servido pelas crianças da Ilha. Existe um pomar comunitário e estão reflorestando a ilha com auxilio de voluntariado e verbas do governo para plantio de arvore Nativas e estão derrubando a floresta de Pinus (exótica plantada anteriormente com auxilio do governo tmb) Optaram também por se unir na questão energética e tem a energia da ilha um mix de hidrelétrica, eólica e solar. Tem sinal de internet!! Aliás wifi é livre em muitos pontos da Ilha... A maioria dos lugares não tem senha... fica ali disponível... Próximo da escola tem um Swap Shop. Que é uma lojinha aonde todos colocam as coisas que não usam mais, e as pessoas quando precisam de algo vão lá e pegam... É tipo um charity shop mais é auto-gerido pela comunidade e não tem custo nenhum. As pessoas colocam e organizam as coisas deixadas lá e quando precisam de algo passam lá para pegar. A ilha tem uma única estrada... Ao longo dela saem as ramificações para as casas.... Cada um mora na sua fazenda, tem seu próprio negócio e muitos adaptaram seus espaços para receber pessoas e tem Bed and Breakfest ou self catering e anunciam no Air BnB. Super funciona. Inclusive a maior renda dos nossos host atualmente é o turismo.







 Eles tem uma Yurta e um chalé todo equipado para receber turistas e nessas 2 semanas que passamos aqui estiveram cheios e com troca de pessoas, conhecemos pessoas da China, Escócia, Inglaterra, Suíça, Alemanha... Ou seja existe a individualidade dentro da comunidade. Tivemos também a oportunidade de participar de uma noite mexicana no Tea room, Divertidíssimo, praticamente toda comunidade participa. Chegam todos vestidos a carácter e se sente um clima descontraído e alegre no ar.. Uma delícia. As crianças ficam soltas brincando de suas criativas invenções enquanto os adultos conversam, sorriem e saboreiam a comida mexicana feita por uma holandesa. maravilhosa Nossos hosts que já recebem wwoofers desde 2000. Tem uma mapa mundi com selinhos marcando de onde vem e já receberam pessoas de quase todo mundo lá, e 3 desses wwofers ficaram na ilha! ( descobrimos que eles são um dos maiores portais para o aumento da comunidade). Mais uma benção e no nosso último dia, nasce o dia mais lindo de todos, e fomos convidados para o aniversário de 6 anos de Maggie (uma das crianças e que se apaixonou por Joaquim e cuidou muito bem dele na Noite Mexicana. As vésperas ficamos sabendo que o tema da festa era alienígena e poderíamos ir fantasiados... Adaptamos nossas coisas e Joaquim foi de superalienigena, e eu fiz umas pinturas na cara... Chegando na fazenda, a festa era na casa mais antiga de Eigg com um visual incrível da Praia... As crianças estavam brincando na rede com alguma pintura facial, mas nenhuma grande fantasia... Agora os adultos! Ahhhh cada vez que chegava alguém era uma surpresa, muito criativos e divertidos... Proporcionaram muitas risadas e diversão. Definitivamente uma comunidade alegre, unida, que não carrega consigo o peso do coletivo como pudemos presenciar em outras comunidades aonde a vivência é mais próxima. Mas vivem um grande sonho num paraíso, Sim a ilha é Paradisíaca! Tem 4 praias, água totalmente transparente, tem formações rochosas incríveis, cachoeiras, cliffs, o



ponto mais alto da ilha An Sgurr é um chapadão com seus lagos em altitude, tem cavernas, além de todo histórico de crofting e vivência da terra...Pegamos pores do sol mais lindos... vermelho alaranjados passando para o rosa arroxeado...  Céus estreladíssimos... lindoooo, lindooooo muitas estrelas cadentes! Valeu a pena, Foi realmente inspirador vivenciar essa experiência de uma comunidade delimitada geograficamente pelos limites da ilha, mas aonde cada um tem sua individualidade e liberdade, mas compartilham as alegrias em grupo. Valeu demais! Vamos embora mas sentiremos saudades especialmente da hospitalidade dessa gente e da beleza impar que tem a escócia.  




   



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Sustentabilidade na prática


Pela primeira vez  chegamos numa fazenda aonde o intuito do casal idealizador é a auto-suficiência. A fazenda é bem pequena cerca de 2ha. Estão no local há três anos, vivendo sem conexão de água e eletricidade. Toda água utilizada no campo provém da captação da água da chuva ( que no  Norte de Wales é garantido água o ano todo), e seguem o calendário biodinâmico que quase dispensa a irrigação, apenas em épocas de seca e plantas transplantadas e brotos.



Lá se notava uma preocupação com o que era orgânico, 85% dos produtos que eram comprados eram orgânicos e a maioria incentivando o pessoal local. Um verdadeiro privilégio poder comer todas essas delícias, acho que foi a primeira fazenda que realmente íamos colher nossas refeições, e assim basear nosso cardápio, felizmente chegamos na temporada dos morango! Comemos no café da manhã, com panquecas, com molho de chocolate, e depois da nossa colheita 14kg de morango passamos a noite fazendo geléias! Foi uma delícia.



A fazenda produz vegetais , flores e frutos que são vendidos para os mercados orgânicos da região e de uma maneira que me chocou e que é super comum aqui na Inglaterra o  "garage sale" literalmente uma mesinha que ela coloca seus produtos na beira da estrada com a tabela de preços e deixa uma latinha para as pessoas colocarem o dinheiro... Ou seja a pessoa que vem pela estrada, para vê o que quer, faz as contas e paga, Emma garante que dessa maneira além de mais prática, pois você não precisa ficar ali vendendo sua mercadoria, e também mais lucrativa, porque normalmente quando as pessoas não têm trocado elas pagam o valor cheio. Ao longo da mesma estrada tem outras vendinhas dessas, tem de mudas, de ovos, várias mesinhas, suas mercadorias e as latinhas ( eu não teria dúvidas que no Brasil, passaria algum malandro de bike só esvaziando as latinhas)


O casal bastante determinado e trabalhador começava a jornada bem cedo, às vezes antes das 6, soltando as galinhas, alimentando os porcos.  Mais um ponto interessante, há 1 ano eles passaram a criar porcos que os ajudariam a cavar e comer as batatas do ano anterior, e serviriam de alimentos no inverno quando a produção de alimentos não é suficiente para alimentá-los então tomaram essa decisão e deixaram de ser vegetarianos (estilo adotado há 25 anos, o que foi um choque para os três filhos que passaram a vida ouvindo deles as vantagens de ser vegetarianos).  Passavam o dia nas diversas atividades da fazenda, plantar, colher, regar, consertar, cortar o capim, fazer o feno, tirar as ervas, muitas vezes nem se lembravam da hora do almoço, e  ficavam no campo até anoitecer(o que no pico do verão ocorre entre 21 e22). 


Como se não bastasse isso Dave trabalha cuidando de pessoas especiais e fazendo jardins, e Emma toca um projeto lindo de jardim comunitário ( que tivemos o privilégio de participar), dá aulas e faz mestrado. Eu achava que fazia muitas coisas até conhecer ela.Super engajada também na cidadezinha de Llanidloes, organiza jardins comunitários e alotments ( para as famílias que não tem área para plantar em casa! )
e prendadíssima, faz todos os tipos de preserves ( conservas) ( picles, geleias, compotas, cordiais e sucos concentrados) além de produzirem cervejas, vinhos e champanhes, durante nossa estadia fizemos a champanhe de Elder flower, está nas receitas aqui no blog, e simplesmente divinooo!

A fazenda ficava próxima ao parque nacional ( uma antiga plantação de pinos que desistiram ou proibiram de cortar e fizemos uma trilha a nascente do rio Severn o maior da Inglaterra
Muito lindo o passeio foram 11 km cheios de cachoeiras e lindas paisagens, com direito a banho de lago, e vista ao mar e Normandia.

Foi sem dúvida uma das fazendas aonde presenciamos a maior dedicação e trabalho dos proprietários. Dava gosto de ajudar pois o prazer de ajudar a realizar um sonho traz uma satisfação imensa... Quando chegamos eles estavam 6 semanas atrasados, e conseguimos deixá-los no Prazo!  Maravilhoso poder ajudar pessoas que estão numa busca tão real de auto suficiência. Que vivem seus valores, e apesar de tão determinados vimos que o sonho de se viver da terra ainda está longe... eles planejam que o retorno dos investimentos e todo trabalho deve ser em 10 anos. Atualmente eles precisam de trabalhos fora, para manter e comprar as coisas da fazenda que só tem gastos! 






















sábado, 12 de setembro de 2015

Pérolas do Joaquim parte 2

A lógica do Capitalismo

Joaquim ganha seu primeiro pound numa feirinha de produtos Orgânicos local. 
Fiz uma festa! Uauuu Joaquim agora você tem dinheiro!! Depois da excitação inicial, ele olha a moeda e um bocado perplexo começam as primeiras indagações.... Mãe, pra que serve o dinheiro!?o que eu posso fazer com isso!? Eu explico para comprar as coisas... Ele logo pensa, Carros!? Posso comprar carros!? Respondo alegremente sim pode comprar qualquer coisa que você queira dentro deste valor! Animadíssimo, --então vamos numa loja de brinquedos Já! ( Como estávamos na feira estava bem cedo e a maioria das lojas ainda estavam fechadas) mas Joaquim estava determinado a comprar algo, voltando a feira um pouco frustados, ele decide que quer comprar um pão... Checo os valores e tinha um de 70p e com sorte acharíamos um Charity shop que tivesse algum carrinho de 30p para complementar a compra e conseguirmos o cumprir o sonho de comprar o carro próprio. Expliquei a situação para ele.
Estávamos felizes! Joaquim, então, decidido, escolheu o pão e deu a moeda para a mulher! Que lhe da o pão e o troco. (duas moedas uma de 20 e uma de 10) Joaquim parece bem feliz! Depois comendo o pão me pergunta, Mãe, quando eu for comprar o carro eu também vou ganhar mais dinheiro pra comprar outra coisa? Igual essa moça que me deu o pão e mais dois dinheiros!  🙏🏻💗o milagre da multiplicação!!! Lógica de criança é incrível. 

Achados e perdidos 

Joaquim chega triste ao celeiro um dia... Me fala. Mãe perdi minha sacolinha com todos meus brinquedos. Eu o acalmo e falo que só precisamos procurar direito. Achei que era uma boa hora de introduzir São Longuinho, o santo das coisas perdidas, que tanto me ajuda nessa vida!!! Explico que agente sempre deve procurar bem as coisas, lembrando os últimos lugares que vimos a sacola...  E que se ainda assim não encontrarmos podíamos pedir ajuda para o Seu Longuinho ( Como o chamo) que ele sabe onde esta tudo e ajuda os outros a encontrarem as coisas perdidas e com isso ganhar os adorados  pulinhos. Lanço a frase mágica: Seu Longuinho, Seu Longuinho se acharmos a bolsa de brinquedos do Joaquim lhe damos 3 pulinhos! 
Joaquim parece um pouco mais animado e confiante e diz: Ok mami então vamos la achar o meu Longuinho! 
De volta a Casa Joaquim começa a busca e logo me pergunta: Ué mãe cadê ele!? Meu longuiiiinho!? Cade você!? Kkkkkkk

Cozinhação 

Nessa última fazenda rolava um esquema de rodizio para cozinhar (Já que eramos um grupo de wwoofers ) Joaquim sempre via que tinha alguém responsável...
Um dia estávamos  fazendo o almoço e Joaquim encasqueta com a coral lentils, que ele ama pela cor laranja favorita, Mami essa  orange é delicious, huuuuum ( sim gente Joaquim já fala seu inglês, esta a coisa mais linda!!!) Aí, eu falo que sim, que iremos fazer as lentilhas... Mas ele não fica satisfeito com o modo que estamos fazendo... Com a marinada e molho de tomate... E fica bravo e diz batendo os pés, Mãe, hoje eu que vou fazer a cozinhação! Você não sabe fazer essa lentilha deixa eu te ensinar... Pega uma panelinha vermelha simpática arrasta a cadeira no fogão pede para ligar o fogo.... E joga as amadas bolinhas oranges na panela e começa sua alquimia, cheirando is potinhos de tempero faz caretas e nhecat para os que não gosta e manda ver os gosta! Mistura bem Poe a água da kettle e desce rapidinho colhe "jericão", e poe sal... Diz, esta pronto! E voilà temos lentilhas coral com canela e manjericão! Faz. Toda cena, Poe a panela na mesa, senta, se serve e come! Avalia, huuuuum ficou um pouco forte... Mas pensa e logo responde mas eu gosto de forte! E realmente ficou uma boa combinação! 
Raspamos a panela! Viva o mini chef !!!

Eterna criança

Estávamos andando, eu estava bem feliz e meio saltitante... Joaquim me observava... De repente, mãe você é uma criança grande não é!? Eu surpresa e bem feliz, exclamo! Siiiiiim sou! Quem te contou!? Ele para, pensa e responde, ahh mãe esse fui eu que pensei sozinho 


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Saudades

Ai que saudades de vocês!
Sei que estamos super atrasados aqui no Blog... Mas saibam que quando isso acontecer é porque estamos nos divertindo muito!
Muita coisa aconteceu aqui no último mês, estivemos em lugares fantásticos, em companhias maravilhosas...Aprendemos muitas coisas!
Gente está parecendo tudo um grande sonho.
Agora estamos na Ilha De Eigg, uma ilhota no norte da Escócia.

Vendo um dos programas favoritos do Pedro "mundo Visto do Céu" do Discovery, achamos essa ilha simpática com uma história incrível e inspiradora. Uma comunidade que recentemente comprou a ilha e esta reflorestando e a transformando em sustentável, com as paisagens cinematográficas da escócia...  Quero! Ficou a número um na lista dos lugares para irmos.
A grande surpresa é que encontramos uma fazenda de Eigg no site do WWoof! uauuuuuu! Não podíamos acreditar, mandamos e-mail, mas eles estavam lotados.... Mas não nos contentamos e escrevemos dizendo que realmente estávamos muito interessados e se alguém desistisse que nos avisasse.... De novo uma negativa... já estamos completamente cheios nesse período... Ok, e se alongarmos o período? Acho que viram que não desestiríamos, e por fim nos aceitaram! :)

Só não calculamos que estaríamos no extremo sul da Inglaterra justo antes de vir pra cá! Sim, foi um trampo chegar aqui... depois de pesquisar mil meios de transporte, jeitos mais rápidos e econômicos, alugamos um carro e depois de 12 horas de estrada chegamos ao cais! Mais 1 hora e meia de ferry e chegamos ao nosso destino! Ainda nem completamos a primeira semana e já sinto que valeu a pena vir aqui!

Estamos acomodados na melhor caravana até agora, temos aquecimento, energia, cozinha e wifi! Além de uma cama king size e um quartinho para joaquim. Temos uma vista incrível para o mar, aonde vemos o por do sol. Estamos na casa de um dos líderes da comunidade e é tudo verdade! São sim uma comunidade aproximadamente 100 pessoas, a ilha é toda orgânica, tem energia renovável própria tem projetos de reflorestamento com voluntários e é maravilhooooosa, parece uma chapada!

Lindo demais!

contaremos mais detalhes a frente!

Estamos muito felizes! Joauqim está ficando muito bom no inglês e está feliz da vida com a vinda dos avós eminente!
Devagarinho vamos postando mais coisas... em breve teremos reforços para nos ajudar nos posts. A querida Maria, que também esta viajando por ai vai postar as experiências dela com o wwoof por aqui. Ahhhh e tem muitas receitas pra sair do forno.... MUUUUItas... estou me segurando pois isso aqui está virando mais um blog de cozinha que de viagens... e a idéia não é essa! Mas estamos fazendo, comendo e aprendendo tantas delicias, que não consigo não compartilhar!

Não estou conseguindo colocar as nossas fotos... mas peguei umas no meu amado pinterest!


um beijo enorme!








domingo, 2 de agosto de 2015

Findhorn pra mim e a surpresa Escocesa!

Findhorn... Já havia escutado esse nome algumas vezes em minha vida, especialmente quando se falava em comunidades alternativas e espiritualidade. Quando decidimos fazer essa viagem, muitas pessoas nos perguntavam, vai a Findhorn? E cada vez fomos chegando mais perto e minha vontade de conhecer esse lugar foi ficando mais forte, até que uma amiga me mandou o link, entrei, me apaixonei pela comunidade e pelos cursos oferecidos, Coincidentemente bem na semana que tínhamos disponível estaria acontecendo um festival de dança sagrada ( quem me conhece sabe o quanto gosto de dança.... Estava achando tudo muito incrível e sincrônico!) Até chegar a parte dos preços... Foi a primeira decepção em relação a comunidade, que se dizia tão alternativa, tão espiritual... Cheguei até a duvidar de todos aqueles princípios maravilhosos e espirituais. Ainda mais agora que estamos numa viagem totalmente lowbudget e essa é a piração do momento, como desfrutar e trocar experiência baseando-se minimamente no dinheiro.  ( inclusive uma das coisas que sabíamos sobre eles era uma sustentabilidade econômica e, realmente estamos buscando novos modelos econômicos que já funcionem, mas me parecia bem comercial...) Enfim o chamado de conhecer a comunidade já era uma sementinha plantada há tempos em meu coração... Fora que sou Brasileira e não desisto nunca, ;)
Mandamos um email solicitando uma bolsa para o curso explicando todo o propósito da nossa viagem e nos disponibilizando a fazer trabalho voluntário, não depender da acomodação deles, enfim, lançamos  nossa intenção no universo...
A resposta veio alguns dias depois de uma forma nada positiva, Eram muitos nãos... Eu não podia fazer o curso,  (pois não tinha feito a "Experience week",curso introdutório, que custa outra fábula) , eles não aceitavam trabalho voluntário como moeda de troca. Embora achassem nossa viagem e propósito muito legal. Nos desejaram sorte e encaminharam para o departamento de cursos introdutórios.
Ou seja, meu pedido de redução de pagamento tinha no mínimo dobrado de preço, pois se quisesse ir teria que pagar a semana e o curso... e ainda descolar uma semana a mais de tempo livre.... Fiquei pensativa.... Queria muito, meu coração dizia sim... Mas o racional e matemático diziam que era um ABSURDO! Estou muito feliz por estar trabalhando essa questão dos Valores, de como quero gastar o dinheiro, até porque temos o dinheiro, mas significa torrar em uma semana o equivalente a 1 ou 2 meses de viagem... E realmente a experiência e tempo de viagem estão sendo tão valiosos, e está sendo um aprendizado muito bonito... Fui forte, venci a tentação e decidimos então fazer a tal  Family Experience Week e aplicar para bolsa, ( dando uma doação do que considerávamos viável para aquilo) e desisti do curso de dança... no dia seguinte novamente a resposta negativa, não aceitavam crianças com menos de 5 anos... ( eu fiquei de cara, Joaquim fora barrado. Pensava que tipo de família não tem crianças de 0-5? , no mínimo estranho... desconfiei de novo... mas a sementinha continuava lá...  Com toda determinação e um pouco de deboche mandamos um e-mail perguntando se de alguma maneira era possível chegar lá sem gastar milhares de libras e com uma criança?  Um sim apareceu, láaaaa no fim...- Claro, pode pagar 20 libras para conhecer o local, e nos solicitou enviar email para o departamento de visitas....
Cansamos de emails, muita formalidade e burocracia, nos mandando de departamento a departamento... e assim fomos para a Escócia, nos planos Findhorn continuava lá, porém com um certo desânimo... No meio do caminho falamos com amigas que tinham estado lá recentemente e passaram contato de brasileiros que moravam lá, nos conectamos e descobrimos novas maneiras de chegar na comunidade, achamos uma casinha bem simpática próxima a comunidade no airbnb, fizemos a  Reserva! Tudo parecia melhorar...
Embarcamos para Escócia... Tudo que sabia sobre lá era que fazia muuuito frio, e que homens usavam saia e tocavam aquele instrumento esquisito mas com um som delicioso...
Fiquei de cara! Que bonito! Não acho que bonito não seria um bom adjetivo, é estonteante, aqui eles se referem a Dramatics Scenaries and breathtake. Sim! de tirar o Fôlego, Lindooooo especialmente a Ilha de Skye... Com suas formações rochosas esplêndidas, milhares ( sim mais de mil...) cachoeiras  com águas transparentes, que formam poços encantados com água azul esverdeada,  

cachoeira com mais de 200 pés ,que caem de um penhasco direto no mar, pontes antigas, ruínas de castelos, praias maravilhosas de pedra, de coral com água transparente, (parece Cancun!) E o tempo, como nosso querido Host escocês nos havia dito, "se você não gostar do clima, não importa irá mudar em minutos" e assim foi, acordávamos com um dia lindo, nublava em minutos, chovia, ventava, abria o sol, fazia calor, chovia, arco-íris,
 sol, ventooooo frio, casaco, sol, esquentava.... e assim sucessivamente.... Resultado, muitos arco-íris! Acho que foram mais de 6 em dois dias.... e lindos!!!!!!
Só faltou vermos as auroras boreais, elas acontecem na escócia mais no outono-inverno...
Fora que conseguimos uma acomodação incrível na ilha depois de ter o Airbnb negado, achamos uma opção maravilhosa, na casa de uma ávo, cheia de carrinhos para Joaquim, com um café da manhã delicioso e pela metade do preço do que gostaríamos, como a Acomodação de Findhorn também tinha dito que NÃO  decidimos ficar mais um dia nesse lugar deslumbrante e ficar um dia apenas em Findhorn....


 Mas enfim  chegamos! 
Chegamos sem saber, sem lugar para ficar, e com três pés atrás... chegamos 13:45 Fomos no tal do visitor centre e as 14:00 tinha uma visita guiada, Paga claro! Eu devo confessar que detesto visita guiada... mas ao mesmo tempo com apenas um dia, e querendo verdadeiramente entender um pouco mais a fundo a história da comunidade. Aplicamos para a visita guiada, que foi conduzida pela Maya, uma senhora no seus 60 e poucos anos, que já vivia na comunidade há 8 anos, uma delicia de pessoa, uma energia bárbara e uma clareza e leveza invejáveis... E assim vou contar um briefing do que pegamos do tour e da comunidade...
Teve início com uma família Alice e com seus três filhos e seu marido e uma amiga Dorothy ( a única que continua viva) numa pequenina caravana. Nunca teve a intenção de virar uma comunidade, tudo foi apenas acontecendo.
Existia um conceito espiritual muito forte de buscar a guiança interna. Alice foi esse pilar, da quietude, de silenciar e escutar a intuição essa guiança que ela chamava de "inner voice". Uma coisa que ficou forte foi que eles nunca desconfiaram/ questionaram essa guiança... O marido dela, com treinamento militar,  trouxe a disciplina e a ação, porém aliado ao conceito do amor. "Love in action"  Aqui abro um parênteses Esse talvez foi a coisa que me pegou lá, pois durante o tour maya nos falou que existem três maneiras de se fazer as coisas, uma com eficiência, ( e eu me identifiquei demais com esse sempre quis fazer as coisas da maneira mais eficiente possível, e sim tinha um ar de competitividade nisso....) ou fazer por que tem de ser feito, mas sem a vontade, ou fazer com amor, com o maior carinho do mundo. Fazer com Amor, acho que faltava esse toque do universo e agora junto do 100% a eficiência deu lugar ao amor. ahh estou assim aproveitando bem mais qualquer coisa que esteja fazendo! está uma delicia!
 O terceiro pilar trazido por Dorothy foi o da co-criação com a natureza, Escutar a natureza e criar junto com ela, considerando ela como agente principal. o Que foi incrível e tiveram resultados maravilhosos em um solo super arenoso eles conseguiram crescer um jardim maravilhoso, que ficou famoso pelos repolhos gigantes!  Quando eles tinham qualquer problema ou estavam indecisos entre as guianças internas o que eles faziam era dar uma desacelerada no processo, permitindo que o universo tivesse também tempo de trazer suas respostas e seus ritmos. Esse conceito de co-criação de respeitar e criar um espaço para que o universo se manifeste. sair do tempo racional da mente e entrar no tempo do coração do universo.

O que vimos foi uma comunidade bem livre, cada um tem sua própria liberdade, existe uma vertente espiritual e solicitam que diariamente você faça alguma prática, mas pode ser qualquer uma, eles tem 3 santuários para isso. Maravilhosos  Um com energia terrena, no subsolo do saguão principal fica alinhado com o topo aonde recebe iluminação solar e tem formato pentagonal, tem o na natureza, feito de pedras e cob, com teto verde, formato de sol para cima e no chão os ritmos da lua, com 3 janelas representando as 3 maneiras de se ver o mundo ( uma sobre um angulo orgânico e uma com ângulos retos e uma com divisões). E o mais antigo invocando a energia ancestral e criadora ao lado da caravana original.  Andando pela comunidade tem muitas detalhes te lembrando isso com muita delicadeza e amor.

Mesmo sendo uma das comunidades mais antigas  ainda não conseguem ser auto-suficientes, na produção de alimentos e de recursos, tem muitos visitantes, tem o inverno rigoroso, então a alternativa é pegar de comunidades, de cooperativas. Mas com o budget limitado também não conseguem ser totalmente orgânicos. Economicamente, embora já tenham sua própria moeda e criando um novo sistema/modelo econômico, notamos muitas faltas e ainda dependem totalmente do dinheiro mundano. Contudo sempre estão inovando em soluções para isso e tem uma das menores pegadas ecológicas.

Uma coisa interessante é que eles são bem realísticos, não se trata de uma "ilha"estão a par e discutem todos os problemas com todos é a temática e o desafio desse viver em comunidade dentro do mundão, e mesmo lá na comunidade tem a fundação, a comunidade e uma comunidade dentro da comunidade... e o mais engraçado que traz a tona os valores opostos é que os vizinhos deles são a base aérea da Escócia. Tão engraçado um lugar que difunde a paz ser vizinho do local mais bélico do país. Porém eles mantém uma excelente relação e tem acordos no qual eles não voam durante os períodos de meditação e avisam quando tem treinamentos ou ações.  
Pode se sentir  um ótimo astral, as pessoas estão realmente com um novo propósito construindo a nova era, crianças começaram a chegar, então em breve teremos uma abertura maior para crianças, as pessoas são super solicitas. É um lugar no final das contas bem acolhedor inspira arte, as construções são sustentáveis e incríveis, e é aberto, ou seja é possível visitar de graça, tem camping e área para caravanas, tem sim espaço para voluntariar e wwoofing no jardim, ahh e o mais incrível, durante o tour ela contou que estava acontecendo o festival de dança sagrada ( aquele que eu queria participar... lembram:?) e que teria uma sessão aberta, naquele dia a noite! Fomos verificar e sim! mediante uma doação pude participar até da dança sagrada! Ai como eu amo esse universo!!!!!!

Essa foi minha história, minha experiência nesse primeiro contato com Findhorn, confirmando a confiança na guiança interna, por mais que tivéssemos muitos nãos sempre acreditei na minha vozinha lá de dentro, e tudo se abriu como mágica. Até convites tivemos para ficar lá.
Sendo assim super recomendo a experiência, para aqueles que tem dinheiro e pouco tempo  vejam a programação e se inscrevam para cursos e os que não tem muito dinheiro mais tem tempo apliquem para voluntariado, (tempo mínimo 2 semanas! )

Vale super a pena! Escutem o chamado de vocês!