domingo, 2 de agosto de 2015

Findhorn pra mim e a surpresa Escocesa!

Findhorn... Já havia escutado esse nome algumas vezes em minha vida, especialmente quando se falava em comunidades alternativas e espiritualidade. Quando decidimos fazer essa viagem, muitas pessoas nos perguntavam, vai a Findhorn? E cada vez fomos chegando mais perto e minha vontade de conhecer esse lugar foi ficando mais forte, até que uma amiga me mandou o link, entrei, me apaixonei pela comunidade e pelos cursos oferecidos, Coincidentemente bem na semana que tínhamos disponível estaria acontecendo um festival de dança sagrada ( quem me conhece sabe o quanto gosto de dança.... Estava achando tudo muito incrível e sincrônico!) Até chegar a parte dos preços... Foi a primeira decepção em relação a comunidade, que se dizia tão alternativa, tão espiritual... Cheguei até a duvidar de todos aqueles princípios maravilhosos e espirituais. Ainda mais agora que estamos numa viagem totalmente lowbudget e essa é a piração do momento, como desfrutar e trocar experiência baseando-se minimamente no dinheiro.  ( inclusive uma das coisas que sabíamos sobre eles era uma sustentabilidade econômica e, realmente estamos buscando novos modelos econômicos que já funcionem, mas me parecia bem comercial...) Enfim o chamado de conhecer a comunidade já era uma sementinha plantada há tempos em meu coração... Fora que sou Brasileira e não desisto nunca, ;)
Mandamos um email solicitando uma bolsa para o curso explicando todo o propósito da nossa viagem e nos disponibilizando a fazer trabalho voluntário, não depender da acomodação deles, enfim, lançamos  nossa intenção no universo...
A resposta veio alguns dias depois de uma forma nada positiva, Eram muitos nãos... Eu não podia fazer o curso,  (pois não tinha feito a "Experience week",curso introdutório, que custa outra fábula) , eles não aceitavam trabalho voluntário como moeda de troca. Embora achassem nossa viagem e propósito muito legal. Nos desejaram sorte e encaminharam para o departamento de cursos introdutórios.
Ou seja, meu pedido de redução de pagamento tinha no mínimo dobrado de preço, pois se quisesse ir teria que pagar a semana e o curso... e ainda descolar uma semana a mais de tempo livre.... Fiquei pensativa.... Queria muito, meu coração dizia sim... Mas o racional e matemático diziam que era um ABSURDO! Estou muito feliz por estar trabalhando essa questão dos Valores, de como quero gastar o dinheiro, até porque temos o dinheiro, mas significa torrar em uma semana o equivalente a 1 ou 2 meses de viagem... E realmente a experiência e tempo de viagem estão sendo tão valiosos, e está sendo um aprendizado muito bonito... Fui forte, venci a tentação e decidimos então fazer a tal  Family Experience Week e aplicar para bolsa, ( dando uma doação do que considerávamos viável para aquilo) e desisti do curso de dança... no dia seguinte novamente a resposta negativa, não aceitavam crianças com menos de 5 anos... ( eu fiquei de cara, Joaquim fora barrado. Pensava que tipo de família não tem crianças de 0-5? , no mínimo estranho... desconfiei de novo... mas a sementinha continuava lá...  Com toda determinação e um pouco de deboche mandamos um e-mail perguntando se de alguma maneira era possível chegar lá sem gastar milhares de libras e com uma criança?  Um sim apareceu, láaaaa no fim...- Claro, pode pagar 20 libras para conhecer o local, e nos solicitou enviar email para o departamento de visitas....
Cansamos de emails, muita formalidade e burocracia, nos mandando de departamento a departamento... e assim fomos para a Escócia, nos planos Findhorn continuava lá, porém com um certo desânimo... No meio do caminho falamos com amigas que tinham estado lá recentemente e passaram contato de brasileiros que moravam lá, nos conectamos e descobrimos novas maneiras de chegar na comunidade, achamos uma casinha bem simpática próxima a comunidade no airbnb, fizemos a  Reserva! Tudo parecia melhorar...
Embarcamos para Escócia... Tudo que sabia sobre lá era que fazia muuuito frio, e que homens usavam saia e tocavam aquele instrumento esquisito mas com um som delicioso...
Fiquei de cara! Que bonito! Não acho que bonito não seria um bom adjetivo, é estonteante, aqui eles se referem a Dramatics Scenaries and breathtake. Sim! de tirar o Fôlego, Lindooooo especialmente a Ilha de Skye... Com suas formações rochosas esplêndidas, milhares ( sim mais de mil...) cachoeiras  com águas transparentes, que formam poços encantados com água azul esverdeada,  

cachoeira com mais de 200 pés ,que caem de um penhasco direto no mar, pontes antigas, ruínas de castelos, praias maravilhosas de pedra, de coral com água transparente, (parece Cancun!) E o tempo, como nosso querido Host escocês nos havia dito, "se você não gostar do clima, não importa irá mudar em minutos" e assim foi, acordávamos com um dia lindo, nublava em minutos, chovia, ventava, abria o sol, fazia calor, chovia, arco-íris,
 sol, ventooooo frio, casaco, sol, esquentava.... e assim sucessivamente.... Resultado, muitos arco-íris! Acho que foram mais de 6 em dois dias.... e lindos!!!!!!
Só faltou vermos as auroras boreais, elas acontecem na escócia mais no outono-inverno...
Fora que conseguimos uma acomodação incrível na ilha depois de ter o Airbnb negado, achamos uma opção maravilhosa, na casa de uma ávo, cheia de carrinhos para Joaquim, com um café da manhã delicioso e pela metade do preço do que gostaríamos, como a Acomodação de Findhorn também tinha dito que NÃO  decidimos ficar mais um dia nesse lugar deslumbrante e ficar um dia apenas em Findhorn....


 Mas enfim  chegamos! 
Chegamos sem saber, sem lugar para ficar, e com três pés atrás... chegamos 13:45 Fomos no tal do visitor centre e as 14:00 tinha uma visita guiada, Paga claro! Eu devo confessar que detesto visita guiada... mas ao mesmo tempo com apenas um dia, e querendo verdadeiramente entender um pouco mais a fundo a história da comunidade. Aplicamos para a visita guiada, que foi conduzida pela Maya, uma senhora no seus 60 e poucos anos, que já vivia na comunidade há 8 anos, uma delicia de pessoa, uma energia bárbara e uma clareza e leveza invejáveis... E assim vou contar um briefing do que pegamos do tour e da comunidade...
Teve início com uma família Alice e com seus três filhos e seu marido e uma amiga Dorothy ( a única que continua viva) numa pequenina caravana. Nunca teve a intenção de virar uma comunidade, tudo foi apenas acontecendo.
Existia um conceito espiritual muito forte de buscar a guiança interna. Alice foi esse pilar, da quietude, de silenciar e escutar a intuição essa guiança que ela chamava de "inner voice". Uma coisa que ficou forte foi que eles nunca desconfiaram/ questionaram essa guiança... O marido dela, com treinamento militar,  trouxe a disciplina e a ação, porém aliado ao conceito do amor. "Love in action"  Aqui abro um parênteses Esse talvez foi a coisa que me pegou lá, pois durante o tour maya nos falou que existem três maneiras de se fazer as coisas, uma com eficiência, ( e eu me identifiquei demais com esse sempre quis fazer as coisas da maneira mais eficiente possível, e sim tinha um ar de competitividade nisso....) ou fazer por que tem de ser feito, mas sem a vontade, ou fazer com amor, com o maior carinho do mundo. Fazer com Amor, acho que faltava esse toque do universo e agora junto do 100% a eficiência deu lugar ao amor. ahh estou assim aproveitando bem mais qualquer coisa que esteja fazendo! está uma delicia!
 O terceiro pilar trazido por Dorothy foi o da co-criação com a natureza, Escutar a natureza e criar junto com ela, considerando ela como agente principal. o Que foi incrível e tiveram resultados maravilhosos em um solo super arenoso eles conseguiram crescer um jardim maravilhoso, que ficou famoso pelos repolhos gigantes!  Quando eles tinham qualquer problema ou estavam indecisos entre as guianças internas o que eles faziam era dar uma desacelerada no processo, permitindo que o universo tivesse também tempo de trazer suas respostas e seus ritmos. Esse conceito de co-criação de respeitar e criar um espaço para que o universo se manifeste. sair do tempo racional da mente e entrar no tempo do coração do universo.

O que vimos foi uma comunidade bem livre, cada um tem sua própria liberdade, existe uma vertente espiritual e solicitam que diariamente você faça alguma prática, mas pode ser qualquer uma, eles tem 3 santuários para isso. Maravilhosos  Um com energia terrena, no subsolo do saguão principal fica alinhado com o topo aonde recebe iluminação solar e tem formato pentagonal, tem o na natureza, feito de pedras e cob, com teto verde, formato de sol para cima e no chão os ritmos da lua, com 3 janelas representando as 3 maneiras de se ver o mundo ( uma sobre um angulo orgânico e uma com ângulos retos e uma com divisões). E o mais antigo invocando a energia ancestral e criadora ao lado da caravana original.  Andando pela comunidade tem muitas detalhes te lembrando isso com muita delicadeza e amor.

Mesmo sendo uma das comunidades mais antigas  ainda não conseguem ser auto-suficientes, na produção de alimentos e de recursos, tem muitos visitantes, tem o inverno rigoroso, então a alternativa é pegar de comunidades, de cooperativas. Mas com o budget limitado também não conseguem ser totalmente orgânicos. Economicamente, embora já tenham sua própria moeda e criando um novo sistema/modelo econômico, notamos muitas faltas e ainda dependem totalmente do dinheiro mundano. Contudo sempre estão inovando em soluções para isso e tem uma das menores pegadas ecológicas.

Uma coisa interessante é que eles são bem realísticos, não se trata de uma "ilha"estão a par e discutem todos os problemas com todos é a temática e o desafio desse viver em comunidade dentro do mundão, e mesmo lá na comunidade tem a fundação, a comunidade e uma comunidade dentro da comunidade... e o mais engraçado que traz a tona os valores opostos é que os vizinhos deles são a base aérea da Escócia. Tão engraçado um lugar que difunde a paz ser vizinho do local mais bélico do país. Porém eles mantém uma excelente relação e tem acordos no qual eles não voam durante os períodos de meditação e avisam quando tem treinamentos ou ações.  
Pode se sentir  um ótimo astral, as pessoas estão realmente com um novo propósito construindo a nova era, crianças começaram a chegar, então em breve teremos uma abertura maior para crianças, as pessoas são super solicitas. É um lugar no final das contas bem acolhedor inspira arte, as construções são sustentáveis e incríveis, e é aberto, ou seja é possível visitar de graça, tem camping e área para caravanas, tem sim espaço para voluntariar e wwoofing no jardim, ahh e o mais incrível, durante o tour ela contou que estava acontecendo o festival de dança sagrada ( aquele que eu queria participar... lembram:?) e que teria uma sessão aberta, naquele dia a noite! Fomos verificar e sim! mediante uma doação pude participar até da dança sagrada! Ai como eu amo esse universo!!!!!!

Essa foi minha história, minha experiência nesse primeiro contato com Findhorn, confirmando a confiança na guiança interna, por mais que tivéssemos muitos nãos sempre acreditei na minha vozinha lá de dentro, e tudo se abriu como mágica. Até convites tivemos para ficar lá.
Sendo assim super recomendo a experiência, para aqueles que tem dinheiro e pouco tempo  vejam a programação e se inscrevam para cursos e os que não tem muito dinheiro mais tem tempo apliquem para voluntariado, (tempo mínimo 2 semanas! )

Vale super a pena! Escutem o chamado de vocês!